quarta-feira, 13 de outubro de 2010

As Listas

Esse feriado, fiquei em São Paulo - o que é raro. Foi ótimo. Adoro ficar em casa à toa. Comecei a ler um livro que eu queria: Cartas a um Jovem Economista - Gustavo Franco (fica a dica, o livro é uma delicia e meio viciante, eu não queria parar de ler um segundo). Lendo o livro,  me deparei com um trecho que mexeu muito comigo. Segue :

" pense na seguinte situação: você tem o privilegio de visitar a Biblioteca de Babel, a mítica biblioteca infinita criada por Jorge Luis Borges em um de seus contos mais populares, que tem , em suas estantes dispostas em galerias hexagonais, todo o saber existente, ou seja, você será colocado em contato com uma sabedoria imensa, cujos limites você não enxerga e que, para piorar as coisas, cresce de forma perturbadora. Na verdade, essa é a sensação que você tem quando entra em alguma grande biblioteca universitaria. (...) Seu sentimento com relação a, ignorância em técnicas como em idiomas, em eventos históricos como personagens, vai se traduzir na sensação de que sua "lista de leitura" aumenta com mais rapidez do que você é capaz de dar conta, o que pode lhe trazer uma sensação de frustração, insignificância, preguiça ou acomodação. No entanto, talvez ocorra o contrário e você fique estimulado com tudo o que ainda existe para aprender, ou seja, o objeto do seu prazer se torna maior, e não menor a medida que o tempo passa."

Isso serviu como a inspiração que eu precisava. Quanto mais eu penso em ler, escrever, estudar, viajar, mais frustrada eu me sinto ao constatar que eu não conseguiria fazer tudo o que eu gostaria nessa vida. Essa sensação de ipotência, sempre  me deixou para baixo, como se me desencorajasse a começar a fazer qualquer coisa. As minhas listas iam aumentando e com ela a minha ansiedade e uma decorrente frustração. Ao ler esse trecho do livro mudei a forma de encarar "as minhas listas". Eu quero sim ler, escrever, viajar. Ao invés  de pensar que talvez eu não consiga finalizar a lista, resolve iniciá-la, indo passo a passo com calma. Com o intuito de aproveitar cada etapa... e de forma que cada etapa concluida  me motive ainda mais para ir a próxima.

Entendi que é mais eficiente eu "mirar" a prósima etapa do que focar na lista inteira.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

À Deriva

Até hoje, depois de 5 anos de formada,  eu tenho a sensação de que não me encontrei profissionalmente.
Minha vida profissional não foi programada, foi o acaso que me guiou e há quatro anos estou trabalhando com uma coisa que eu sei que não quero mais fazer.

A minha maior dificuldade hoje é saber para que lado ir. Eu me sinto perdida...  Interesso-me por um monte de coisas... Não sei se mando meu CV para as oportunidades que eu vejo, não sei se começo a fazer alguns cursos (Mas curso do que? Se eu não sei ainda o que farei?), não sei se fico um tempo sem trabalhar, não sei se volto a estudar....
O que mais me dificulta é a gama de opções que eu vou me colocando: ser professora de crianças, estudar historia/línguas, ser atriz, trabalhar em empresas, trabalhar em algum consulado, trabalhar em ONG, abrir meu próprio negocio.
Antes eu era guiada pelo aspecto financeiro. Hoje, acredito que isso não seja mais tão relevante, desde que eu me sinta útil, desde que eu me sinta envolvida, desde que eu valorize o que eu esteja fazendo.

Tenho exemplo de amigas que brilham os olhos quando falam do trabalho (essa trabalha na Abril). Tenho exemplo de amiga que largou tudo por não se identificar com nada e começou a estudar gastronomia. Uma outra grande amiga cansou da vida profissional e por um tempo resolveu não fazer nada, ser "dona de casa", ir a ginástica toda tarde, sair com as amigas e aproveitar um tempo sem trabalho. (Gente que coragem, como eu admiro isso!). Outra amiga que tambem seguiu a manada e foi para o mercado financeiro, se frustrou, largou tudo, pensou o que queria e abriu uma loja de roupa para crianças. Ela está se matando de trabalhar, mas está super realizada - nem se compara com a época do banco. Há também uma conhecida que foi atrás do seu sonho, não se influenciou com o ambiente voltado para o mundo financeiro da faculdade,  abriu mão de salário, bonds, debentures, modelos financeiros e conseguiu fazer seu sonho uma realidade de sucesso: um blog sobre casamentos e afins. - extremamente conhecido.

Vejo todos esses exemplos e tantos outros. Tento me perguntar o que eu realmente gostaria de fazer e não sei responder. Isso não é novo. Isso sempre foi assim... alguém consegue me ajudar?

...remédios, regimes e afins...

Ontem a noite fomos jantar com dois casais de amigos e mais um amigo muito querido. Fomos ao Artorito - fica a dica para quem não conhece. (http://arturito.com.br/).
O restaurante é uma delícia, tem um ambiente super gostoso. Quando chegamos duas garrafas de vinho vazias já estavam sobre a mesa. (chegamos mais tarde porque fomos assistir Wall Street - recomendo!).
Como sempre, homens para um lado e mulheres para outro. Cada grupo com seu papo. (detesto essa segregação dos sexos, mas isso é um ritual dessa turma. É assim que funciona). Sentei com as meninas e o papo estava ótimo: trabalho, viagens, moda, etc... até que uma delas, como de hábito, tocou no assunto do qual eu tenho tentado fugir: Emagrecer.

Segue uma atualização sobre "as personagens".

EU: neurótica com magreza. Nunca fui magra, salvo uma época da minha vida que por motivo de depressão  eu não comia absolutamente nada. Essa fase ficou para mim como meu ideal de corpo. Nem uma gordurinha sequer, passava vontade 100% do dia, até mosca eu tinha vontade de comer e não sei como, eu consegui ignorar toda e qualquer vontade. Todas as minhas roupas estavam largas e a único conforto do dia era me olhar no espelho e ver que eu tinha emagrecido e continuava emagrecendo...
Hoje, não sou gorda, tenho um peso normal para minha idade e tamanho e sofro loucamente com isso. Eu não quero ter um peso NORMAL, eu quero ser MUITO MAGRA. Penso que estou engordando 90% do tempo, é um mal que me acompanha. Qualquer coisa que eu coma, eu penso no ponteiro da balança  movendo para a direita. Qualquer dia eu não faça exercício físico, penso no meu peso aumentando. Gasto um bom tempo lendo sobre regimes, dietas, e vendo fotos das modelos que eu mais admiro: Heidi Klum, Alessandra Ambrósio,  Fernanda Lima, Yasmim Brunet - como que elas conseguem ser tão magras??? Tudo bem que existe um lance de genética e de constituição física, mas para ser magra desse jeito, tem que haver muito mais coisa do que a sorte de se ter  um bom metabolismo e uma boa genética. Fato é que eu tenho ido me tratar (psicóloga mesmo). Esse assunto é tão complicado e dolorido para mim que depois de quase três anos de tratamento eu consegui falar abertamente com ela sobre o tema. . Desde que eu comecei a conversar com a minha pscioterapeuta sobre isso, de uma certa forma, as coisas ficaram mais "light". Acho que estou melhorando paulatinamente. Eu encaro essa obsessão por magreza como uma dependência, se alguém vem perto de mim e toca no assunto, é como se uma onda enorme trouxesse todos os pensamentos e sentimentos de volta .... é como se eu estivesse no meio do mar e não conseguisse sair dessa onda, é como se ela me puxasse com força e eu ficasse me debatendo na água em vão, porque a onda é muito mais violenta do que eu. Como se não houvesse nada que eu pudesse fazer.

ELAS: são amigas desde a adolescência e casaram com dois grandes amigos. Então elas tem histórias comuns antes da vida de casadas. Perfis bem diferentes: uma arquiteta, mãe de dois filhos, devota ao marido. A outra trabalha no mundo da moda, trabalha e viaja loucamente (sorte dela ter o marido que tem, pois o meu marido já teria pedido para eu sair desse ritmo profissional insano) e ainda não teve tempo de pensar em ter filho porque ela passa quase 3 meses do ano viajando, além de trabalhar aos sábados, domingos e alguns feriados.
Além da amizade de longa data o que elas têm em comum é a OBSTINAÇÃO POR MAGREZA. Logo que as conheci, eu me senti aliviada ao ver que eu não era a única a perder tanto tempo com esse tipo de preocupação. Mas hoje eu fico incomodada quando o assunto é esse. Elas sempre falam disso e quanto mais o papo segue, mais gorda eu me sinto, mais eu me cobro e mais eu penso em regime, dieta, ginástica.... Vale a ressalva de que elas são mais radicais do que eu, porque não só querem emagrecer (já sendo magérrimas), como tomam remédio para isso - como quem toma um cafezinho depois do almoço. Elas tomam remédio há anos, não se incomodam, não acham arriscado e "seguirão tomando" (palavras delas), desde que continuem comendo e se mantenham magras.

Pois bem, estávamos conversando sobre tudo. Até que a A. comentou que engordou muito nesse útimo mês. Eu olhei para ela e vi aquele rosto esqualido na minha frente, vi a bochecha para dentro, os olhos saltados, os ossos do ombro aparentes e uma silhueta fina. Eu queria chorar! Na mesma hora eu me olhei, vi uma bochecha enorme (já tenho o rosto redondo), vi minha barriga sendo apertada pela calça jeans (na época da magreza, a mesma calça caía)... No mesmo momento a D, que trabalha com moda e é outra vara-pau, fala: " Eu também. Ai gente, trabalhando desse jeito não dá. Eu não tenho tempo de fazer ginástica, minha vida é sempre uma loucura. Eu preciso perder aqueles 3 quilinhos básicos, que com remédio eu perderia em uma semana. Mas como estou querendo engravidar, não posso tomar nada agora."
Através de um contato da D. eu consegui comprar, certa vez, um remédio com um cara chamado Ricardão (para não citar o nome real ). Ele manipula qualquer fórmula, sem prescrição médica e cobra uma um bom dinheiro por isso. Ele tem cliente que não acaba mais. Eu tomei o remédio por um tempo, mas estava morrendo de medo. E se aquilo fosse qualquer outra substância?! Eu nem vi o cara. Você manda o pedido por email  e ele manda entregar na sua casa depois de receber a transferência do dinheiro. Alias, se você não sabe o que tomar, ele te recomenda por telefone mesmo. "você quer alguma coisa forte, média ou é iniciante?" e continua "pode deixar comigo que não tem erro. Você vai gostar do resultado e vai me pedir mais."   Desencanei dessa historia de remédio (apesar de eu ter emagrecido) e tento fechar a boca e fazer mais ginástica.

Então veja no que essa neurose pela magreza resulta:
  • A D. compra remédios de um cara totalmente na ilegalidade. 
  •  A A. que toma remédios desde sempre,  vai a um médico (um louco) que cobra a consulta e passa qualquer fórmula que a paciente quiser, na quantidade máxima permitida pelas autoridades médicas. Ela tem como efeito colateral ataque cardia, sede, insonia, respiração ofegante, mas acha que tudo vale a pena, afinal está magra.
continuação:
Aquele assunto todo estava me incomodando de uma maneira que ninguém poderia imaginar. Comecei a me perguntar (de novo!!!): se eu quero tanto emagrecer, porque eu não vou a esses médicos, tomo logo essas coisas e pronto? se eu quero emagrecer porque eu não fecho minha boca de verdade e paro de comer?  Por que eu não consigo sair com meu marido, ou com minhas amigas e relaxar? Por que eu penso nisso em emagrecer o tempo todo?

A conversa sobre regime durou uns 5 minutos e foi tempo mais que suficiente para eu me "desligar" de todos os outros assuntos que viriam pela noite. Eu, de novo, só pensava no quanto eu quero emagrecer.  Alias, tanto é verdade que eu continuo pensando nisso agora, dia seguinte.
Outro ponto que me deixa "doente": dado que eu sou tão preocupada com a minha aparência (na verdade com minha magreza), como já era mais de 23 horas eu pedi  uma saladinha para comer. No cardápio havia pratos deliciosos, eu queria comer todos, experimentar tudo, mas pedi uma saladinha. Todos à mesa comiam cordeiro, carne, massa, degustavam cada garfada. E eu com muito esforço me concentrei na minha saladinha (que estava divina, mas era um prato bem menor do que o dos outros e obviamente menos vistoso). O que eu quero dizer aqui é que, de alguma maneira, eu tento me controlar para conseguir chegar a forma física que eu tanto almejo. E as minhas colegas, magérrimas, tomadoras de remdio, estavam comendo massa e carne sem o menor peso na consciencia. Nao é justo. Eu lá com minha saladinha e elas com massa, às 23 horas, depois de várias fatias de pão e ainda assim muito mais magras do que eu.... ninguém pode imaginar o quanto eu sofro com isso. Não bastasse, elas ainda pediram sobremesa... e eu ali, só olhando....

Desculpem-me pelo desabafo! Eu não quero cair na tentação dos remédios "milagrosos", mas quero mais do que tudo emgracer. Sei que é um pensamento fútil, sei que isso não é um problema, me sinto mal por me incomodar tanto com esse tipo de coisa...

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Sex in teh City Way of Life



   Acho que hoje o universo feminino é muito inspirado no modo Sex in the City way of life. As mulheres não precisam de homens (ou precisam de muitos homens), não precisam de suas famílias, são bem sucedidas, ricas, trabalham com o que mais gostam, estão sempre lindas, com as roupas mais fashion do momento e se amam - tem um enorme alto estima. Essas quatro amigas se bastam e juntas podem enfrentar o que vier pela frente. 
  
   Nada como juntar todos os elementos que seduzem as mulheres e fazer um seriado lucrativo. 
É fato de que as mulheres gostam muito de tudo isso. Mas será que só disso? Será que o ser feminino se resume em ser bonita, se vertir bem, alcançar o sucesso profissional (no caso delas, sem muito esforço) e ter vários relacionamentos?

    Mulheres independentes, bem sucedidas, lindas, bem vestidas e cheias de amigas também reclamam da vida, se sentem, de certa maneira, insatisfeitas, ou acham que ainda não conseguiriam alcançar tudo que gostariam.
  
   A verdade é que a vida não imita a arte. Nós temos nossos altos e baixos, TPM, dor de cabeça, um salário muito menor do que gostaríamos, contas para pagar e vários outros porblemas que no seriado parecem ser não existir.

   No entanto, quanto mais eu vivo, mais eu entendo que o Sex in the City way of life é cada vez menos importante. Muitas mulheres trocariam suas coleções de sapatos e bolsas por um namorado/marido, com quem elas pudessem dividir suas vidas. 

   Muitas mulheres têm suas famílias como a base de tudo. A família norteia, a família é quem determina os valores e o jeito de ser de cada um.

    Independentemente dos amigos (por melhores que eles sejam!) é com a família que se divide as novidades em primeira mão; e na família que se procura ajuda e conselhos. 
Em nehum episódio da série uma das quatro amigas chorou por um ente querido, procurou melhorar o relacionamento com um familiar (salvo com os diversos namorados que cada uma já teve) ou se importou em ajudar o irmão, pai, mãe ou avô.

   Outra ilusão que o seriado passa é que o sucesso chega para todos! E que não é necessário muito esforço. Para a maioria das pessoas, nada vem de graça. É necessário muito esforço, muito trabalho, muita dedicação, abrir mão de muita coisa pessoal e (claro!) um pouco de sorte para ser uma pessoa bem sucedida.

    Outro aspecto que vai de encontro aos anseios femininos é o consumismo. As quatro amigas compram Louboutin como se fosse um pãozinho francês, que a gente compra a qualquer hora, na primeira padaria que aparece na frente. Sem falar nos óculos, bolsas, sapatos....

   Mas para mim, o que mais denigre a imagem da mulher no seriado é a falta de importância que se dá ao relacioamento amoroso sério. O sonho de qualquer mulher é encontrar alguém para dividir sua vida, suas angústias, seus medos. É encontrar um amigo, um companheiro, um parceiro. Ter alguém que se ame de verdade. Achar uma pessoa com se possa viver todas as loucuras e aventuras possíveis e impossíveis, realizar sonhos, construir um futuro...
No seriado, a Carrie é uma eterna descontente. Acha defeito em todos os caras que ela namora (por mais tudo de bom que o cara seja); a Samantha não consegue se envolver com ninguém: sexo é o que importa! (Não achem que eu sou puritana. Sexo é muito importante !!! Mas esse comportamento de dar para todos, para satisfazer uma necessidade corporal, cá entre nós, não é típico do comportamento feminino tão pouco dura a vida inteira...). A Samantha (até o segundo filme) tinha como prioridade o trabalho e apenas o trabalho: marido, filho, casa, a família estão em segundo plano.
Já a Charlotte é uma eterna idealizadora, sonha com o príncipe encantado, com o encontro perfeito e com uma vida feliz para sempre e é sempre criticada pelas outras. Como se isso fosse inapropriado para os dias de hoje.

  O seriado conduz a busca da perfeição e de certa forma ao egoísmo: o homem perfeito, sem defeito, que atenda a todas as necessidades femininas, que seja simpático, educado, bom de cama... e caso ele falhe ou não atenda a um desses critérios, então ele não serve. As quatro amigas são o máximo e ninguém está a altura delas. 
Se o cara não atender a todos os critérios: então é melhor não ter ninguém e viver sozinha para sempre com três amigas !
A perfeição é difícil, se não impossível, de encontrar. Mas a compreensão, a compaixão, a paciência, o respeito e a admiração existem e fazem parte de qualquer relacionamento. É soma de todos esses elementos que faz com que um relacionamento perdure. E isso no Sex in the City é ignorado.

   Hoje em dia, os relacionamentos duram menos, as pessoas não têm paciência, esquecem de pensar em "nós" para pensar em "si", não se dedicam ao relacionamento, não se dedicam ao outro. É mais fácil procurar um outro homem do que se dedicar ao relacionamento. É mais fácil "comprar" algo pronto, do que "construir"...  É muito simples justificar o final de um relacionamento devido ao defeito do outro. Enfim, na vida real não são apenas amigas, festas e alguns itens de moda que satisfaçam a vida de uma mulher.

Extremos

Cena:

Imaginem: uma garota à beira dos TRINTA resolve comemorar seu aniversário. Nada mais normal. Ela escolhe um lugar que ela goste muito, convida os amigos e espera que todos se divirtam bastante. No entanto, isso não é tão trivial para esta garota. Ela quase nunca comemora o seu aniversário. Só que dessa vez ela se empolgou. Não fará um jantarzinho em sua casa, e nem uma reunião para os amigos mais próximos. Dessa vez ela resolveu comemorar o seu aniversário do jeito que ela realmente adora: em uma balada com música ao vivo. Pela primeira vez, ela chamará as pessoas para irem a esse lugar, mesmo sabendo que esse não é o tipo de lugar que seus amigos costumam frequenta. Pela primeira vez ela ousa convidar colegas do trabalho, amigos antigos que ela não tem mais contato, amigos novos que ainda não são tão amigos... Seu sonho era estar com as pessoas que ela gosta, em um lugar muito animado, onde todos se divertissem muito.

Pois bem, chegou o grande dia. Ela chega à "festa" e vê que o lugar está absolutamente VAZIO. Um de seus  chefes, a pessoa mais tranquila do mundo, que nunca sai de casa, é o primeiro a chegar... Ele se surpreende que já são quase 23 horas e a balada ainda está vazia. Ela se surpreende por ele estar lá e ri. Na realidade, ela se sente muito prestigiada com a presença dele.

Aos poucos, o lugar vai enchendo, os amigos vão chegando.. a música vai melhorando... entre um gole de Vodka e outro ela vai se animando e relaxando. Ela está feliz por ver tantas pessoas queridas. E ao mesmo tempo ela fica um pouco aflita por não conseguir conversar com todos.

Em um determinado momento, ela está cercada por um de seus melhores amigos e por um cara que trabalha com ela e eles conversam. O amigo, de muito anos, é um cara que ela sempre respeitou e que considera uma pessoa extraordinaria. é um cara presente na vida dela, com quem se pode conversar de tudo, em quem se pode confiar. O cara do trabalho, é mais velho, pai de família. Um cara que ela estima e até gostaria de trabalhar na equipe dele. Ela está muito contente com a presença dele e acha muito legal como ele faz questão de conversar com todos, como ele é simpático e como ele se inturma fácil. O amigo tem 27 anos, o colega do trabalho deve ter uns 50. E mesmo assim, os tres estavam lá, conversando, bebendo, se divertindo.

Parênteses:

Ela sabe que o amigo namora e que não está em uma fase boa do namoro. Ela sabe que o amigo optou por ir sozinho a festa. Ela também sabe que o colega de trabalho foi sozinho a sua festa porque sua esposa está viajendo com a filhinha de 9 anos. Ela pensa: que legal ! Pessoas tão diferentes, que nunca se viram, poderem ter uma conversa tão boa.


Duas da Manhã (02h00):

As pessoas começam a se animar. Na verdade, ela está mais animada do que todos. Ela percebe que nem todos estaõ indo dançar, mas ela está na pista. Tentando se divertir, apesar da banda não ser a banda que ela esperava.

O amigo está dançando ao lado dela. O colega do trabalho, está dançando bem proximo. Mas uma coisa chama a atenção: todas as pessoas do trabalhao já foram embora e o cara está lá e sozinho!  "como ele é animado" - ela pensa.


Quatro da Manhã (04h00):

Ela está dançando. E está muito incomodada que as pessoas nao estão curtindo tanto a balada. O amigo continua ao lado dela. O cara do trabalaho tbm. Mas à essa altura ele já está bem "alto", com o rosto rosado, se insinunando para umas mulheres perdidas. Ela fica sem graça pois acha aquele comportamento estranho. Ele é casado, tem filha, são quatro horas da manhã, os amigos dele já foram embora... o que esse cara tá fazendo nessa situação?

Não demora muito e esse cara começa a dançar com uma mulher. No meio da písta. Um chega mais perto do outro... começam a aproximar os rostos, começam a se provocar com caras e bocas...

Ela olha a cena e não entende. O amigo pergunta: - O cara não é casado?
Ela: é sim... eu não estou entendendo nada. Que desnecessário ele fazer isso.
Nesse instante chega uma amiga, além de ser uma amiga antiga, ela também trabalha na mesma empresa. Ela se junta ao casal de amigos e diz: - Vcs estão vendo isso?
Os três continuam a dançar e em poucos minutos vêem o que tanto temia. O cara se tracando com uma qualquer. No meio da balada. No meio de pessoas que ele não conhece, no meio de pessoas com as quais há horas ele conversava e comentava sobre sua esposa e filha. UM NOJO.

As duas amigas se olhavam e não conseguiam acreditar na situação. Será que o cara não tem nem vergonha delas? Eles se vêem todos dia no escritório? Participam das mesmas reuniões.Como ele pode se comportar desta maneira? Como ele pode ser tão sujo?

As duas amigas e o amigo não conseguem prestar atençao em outra coisa.

O amigo, numa confissão, diz: - Eu posso não estar bem com a minha namorada. Eu tenho várias dúvidas. Mas uma coisa eu tenho certeza. A minha palavra tem mto valor. Eu não faria isso com a minha namorada nunca, por pior que tivesse a nossa situação. Muito menos com a minha esposa. Esse cara não tem valor algum, nao valoriza o que tem... E digo mais: se ele faz isso aqui, na maior cara dura, imaginem o que ele não é capaz de fazer com as pessoas no ambiente de trabalho?!

Fim de Festa:

Ela ficou chocada com tudo que ela viu. Justo o cara por quem ela tinha tamanha consideração profissional se sujeitava aquilo tudo. Ela ficou com nojo. Pensou na esposa e na filha dele. Se sentiu culpada... como estivesse compactuando com aquilo tudo. Que respeito esse cara teria por ela? Pela outra colega do trabalho? Pela sua esposa? Pela sua filha?

O que o marido dela iria pensar. O marido ficou com ela o tempo todo, conversando, dançando, recepcionando as pessoas. Esse cara desrespeitou o seu marido. Como ela poderia dizer ao amrido que trabalhava com pessoas sérias. Foi uma típica cena de novela, filme, que a gente acha dificil de acontecer.

Nessa noite ela ficou pensando... Ela teve a oportunidade de ver duas posturas tão distintas, extremas. Ficou se questionando como o ser humano pode ser tão diferente? Como que as pessoas têm ou não consideração pelas outras... Nessa noite, ficou claro para ela que a vida é fetia de escolhas e ela sabe muito bem o que ela quer para a vida dela.  

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

para quê esse blog?

    Como diz uma querida amiga, o que me falta é FOCO nessa vida, dado que eu me interesso por tanta coisa.
Por tanto, esse blog será um rascunho. Um rascunho não. Este blog será o rascunho de um livro que eu sonho tanto em escrever. Será a reunião de fatos e acontecimentos ocorridos na minha vida, na vida das minhas amigas e na vida das amigas das minhas amigas (rsrsrs) - todos verídicos! Como dizem por aí: "a gente aumenta, masnão inventa".

   

Welcome

    De fato a idéia de escrever um blog sempre rondou a minha cabeça... talvez por eu gostar de ler e escrever, talvez por eu acompanhar outros blogs, talvez por eu ser uma eterna sonhadora ... mas no fundo, acho que o que mais me motiva é o fato de eu não parar de pensar um segundo sequer. Penso o tempo todo,: o que eu tenho para fazer, o que eu gostaria de fazer, as coisas que eu já fiz. Penso nas minhas realizações/frustrações/anseios profissionais; penso nos meus amigos, nos amigos que eu não tenho mais contato. Penso na minha família! Penso que eu não tenho tempo para ir ver meu avô, que eu não liguei para  minha avó, que hoje irei ver minha irmã, e que amanhã quero almoçar com meus pais... Penso que queria mais tempo para fazer esportes, para ler livros, para passear no shopping, para assistir um filme, para fofocar com minhas amigas, queria tempo para não fazer nada! Penso no que farei no jantar, que preciso comprar amaciante, que adoraria esquiar nas próximas férias e que em 15 minutos começa a minha reunião. Como eu penso!   

    Não é à toa que há momentos em que eu fico exausta sem saber o motivo!

    Nos últimos dias, no entanto, um pensamento não pára de se repetir... "estou chegando nos 30 !" - parece até ridículo! Eu, logo eu, que nunca me incomodei com a idade. Mas 30 ??!! 30 era idade de gente velha quando eu era pequena. 30 é quando (dizem) que as mulheres querem engravidar! Eu poderia jurar que quando eu chegasse aos 30 eu já seria uma pessoa extremamente bem sucedida, que teria conquistado meus sonhos. Seria magra, linda, teria o cabelo bem tratado, estaria sempre arrumada, de bom humor, atualizada, com tempo para tudo... Ledo engano !!! Além de eu não estar certa sobre minha opção profissioonal, não estou no peso que eu gostaria, nunca sei que roupa usar, tenho TPM, dor de cabeça, adoro usar calça de moleton e sempre acrditei que faltava muito tempo para eu chegar aos 30 anos!!! Estou prestes a completar 28 anos (faltam 2 anos para os TRINTA) e vejo que muitas das minhas dúvidas são as mesmas de quando adolescente. Estou prestes a fazer 28 anos e ainda não tenho certeza sobre a minha vida profissional. Estou prestes a completar 30 anos e tenho a impressão que não terei tempo de fazer tudo o que eu quero nessa vida...  Posso dizer, com muita convicção e consciência, que o tempo passa rápido demais. Não percebi quanto tempo desperdicei com besteiras. O lado positivo desta constatação é que hoje eu me esforço muito mais em fazer aquilo que eu gosto, em estar com as pessoas que eu amo, em aproveitar cada detalhe da vida.  
   Preciso agradecer a duas grandes amigas! Hoje, conversando na hora do almoço (álias, eu amo esses momentos!) sobre nossa vida profissional, elas me incentivaram a colocar para fora todas essas idéias malucas que eu tenho. Me empolguei e quero ver o que vai dar..... A vocês duas obrigada por tudo! Pela amizade, pelo carinho e pela paciência! Eu amo muito vocês!

Voialá !