quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Sex in teh City Way of Life



   Acho que hoje o universo feminino é muito inspirado no modo Sex in the City way of life. As mulheres não precisam de homens (ou precisam de muitos homens), não precisam de suas famílias, são bem sucedidas, ricas, trabalham com o que mais gostam, estão sempre lindas, com as roupas mais fashion do momento e se amam - tem um enorme alto estima. Essas quatro amigas se bastam e juntas podem enfrentar o que vier pela frente. 
  
   Nada como juntar todos os elementos que seduzem as mulheres e fazer um seriado lucrativo. 
É fato de que as mulheres gostam muito de tudo isso. Mas será que só disso? Será que o ser feminino se resume em ser bonita, se vertir bem, alcançar o sucesso profissional (no caso delas, sem muito esforço) e ter vários relacionamentos?

    Mulheres independentes, bem sucedidas, lindas, bem vestidas e cheias de amigas também reclamam da vida, se sentem, de certa maneira, insatisfeitas, ou acham que ainda não conseguiriam alcançar tudo que gostariam.
  
   A verdade é que a vida não imita a arte. Nós temos nossos altos e baixos, TPM, dor de cabeça, um salário muito menor do que gostaríamos, contas para pagar e vários outros porblemas que no seriado parecem ser não existir.

   No entanto, quanto mais eu vivo, mais eu entendo que o Sex in the City way of life é cada vez menos importante. Muitas mulheres trocariam suas coleções de sapatos e bolsas por um namorado/marido, com quem elas pudessem dividir suas vidas. 

   Muitas mulheres têm suas famílias como a base de tudo. A família norteia, a família é quem determina os valores e o jeito de ser de cada um.

    Independentemente dos amigos (por melhores que eles sejam!) é com a família que se divide as novidades em primeira mão; e na família que se procura ajuda e conselhos. 
Em nehum episódio da série uma das quatro amigas chorou por um ente querido, procurou melhorar o relacionamento com um familiar (salvo com os diversos namorados que cada uma já teve) ou se importou em ajudar o irmão, pai, mãe ou avô.

   Outra ilusão que o seriado passa é que o sucesso chega para todos! E que não é necessário muito esforço. Para a maioria das pessoas, nada vem de graça. É necessário muito esforço, muito trabalho, muita dedicação, abrir mão de muita coisa pessoal e (claro!) um pouco de sorte para ser uma pessoa bem sucedida.

    Outro aspecto que vai de encontro aos anseios femininos é o consumismo. As quatro amigas compram Louboutin como se fosse um pãozinho francês, que a gente compra a qualquer hora, na primeira padaria que aparece na frente. Sem falar nos óculos, bolsas, sapatos....

   Mas para mim, o que mais denigre a imagem da mulher no seriado é a falta de importância que se dá ao relacioamento amoroso sério. O sonho de qualquer mulher é encontrar alguém para dividir sua vida, suas angústias, seus medos. É encontrar um amigo, um companheiro, um parceiro. Ter alguém que se ame de verdade. Achar uma pessoa com se possa viver todas as loucuras e aventuras possíveis e impossíveis, realizar sonhos, construir um futuro...
No seriado, a Carrie é uma eterna descontente. Acha defeito em todos os caras que ela namora (por mais tudo de bom que o cara seja); a Samantha não consegue se envolver com ninguém: sexo é o que importa! (Não achem que eu sou puritana. Sexo é muito importante !!! Mas esse comportamento de dar para todos, para satisfazer uma necessidade corporal, cá entre nós, não é típico do comportamento feminino tão pouco dura a vida inteira...). A Samantha (até o segundo filme) tinha como prioridade o trabalho e apenas o trabalho: marido, filho, casa, a família estão em segundo plano.
Já a Charlotte é uma eterna idealizadora, sonha com o príncipe encantado, com o encontro perfeito e com uma vida feliz para sempre e é sempre criticada pelas outras. Como se isso fosse inapropriado para os dias de hoje.

  O seriado conduz a busca da perfeição e de certa forma ao egoísmo: o homem perfeito, sem defeito, que atenda a todas as necessidades femininas, que seja simpático, educado, bom de cama... e caso ele falhe ou não atenda a um desses critérios, então ele não serve. As quatro amigas são o máximo e ninguém está a altura delas. 
Se o cara não atender a todos os critérios: então é melhor não ter ninguém e viver sozinha para sempre com três amigas !
A perfeição é difícil, se não impossível, de encontrar. Mas a compreensão, a compaixão, a paciência, o respeito e a admiração existem e fazem parte de qualquer relacionamento. É soma de todos esses elementos que faz com que um relacionamento perdure. E isso no Sex in the City é ignorado.

   Hoje em dia, os relacionamentos duram menos, as pessoas não têm paciência, esquecem de pensar em "nós" para pensar em "si", não se dedicam ao relacionamento, não se dedicam ao outro. É mais fácil procurar um outro homem do que se dedicar ao relacionamento. É mais fácil "comprar" algo pronto, do que "construir"...  É muito simples justificar o final de um relacionamento devido ao defeito do outro. Enfim, na vida real não são apenas amigas, festas e alguns itens de moda que satisfaçam a vida de uma mulher.

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