quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Extremos

Cena:

Imaginem: uma garota à beira dos TRINTA resolve comemorar seu aniversário. Nada mais normal. Ela escolhe um lugar que ela goste muito, convida os amigos e espera que todos se divirtam bastante. No entanto, isso não é tão trivial para esta garota. Ela quase nunca comemora o seu aniversário. Só que dessa vez ela se empolgou. Não fará um jantarzinho em sua casa, e nem uma reunião para os amigos mais próximos. Dessa vez ela resolveu comemorar o seu aniversário do jeito que ela realmente adora: em uma balada com música ao vivo. Pela primeira vez, ela chamará as pessoas para irem a esse lugar, mesmo sabendo que esse não é o tipo de lugar que seus amigos costumam frequenta. Pela primeira vez ela ousa convidar colegas do trabalho, amigos antigos que ela não tem mais contato, amigos novos que ainda não são tão amigos... Seu sonho era estar com as pessoas que ela gosta, em um lugar muito animado, onde todos se divertissem muito.

Pois bem, chegou o grande dia. Ela chega à "festa" e vê que o lugar está absolutamente VAZIO. Um de seus  chefes, a pessoa mais tranquila do mundo, que nunca sai de casa, é o primeiro a chegar... Ele se surpreende que já são quase 23 horas e a balada ainda está vazia. Ela se surpreende por ele estar lá e ri. Na realidade, ela se sente muito prestigiada com a presença dele.

Aos poucos, o lugar vai enchendo, os amigos vão chegando.. a música vai melhorando... entre um gole de Vodka e outro ela vai se animando e relaxando. Ela está feliz por ver tantas pessoas queridas. E ao mesmo tempo ela fica um pouco aflita por não conseguir conversar com todos.

Em um determinado momento, ela está cercada por um de seus melhores amigos e por um cara que trabalha com ela e eles conversam. O amigo, de muito anos, é um cara que ela sempre respeitou e que considera uma pessoa extraordinaria. é um cara presente na vida dela, com quem se pode conversar de tudo, em quem se pode confiar. O cara do trabalho, é mais velho, pai de família. Um cara que ela estima e até gostaria de trabalhar na equipe dele. Ela está muito contente com a presença dele e acha muito legal como ele faz questão de conversar com todos, como ele é simpático e como ele se inturma fácil. O amigo tem 27 anos, o colega do trabalho deve ter uns 50. E mesmo assim, os tres estavam lá, conversando, bebendo, se divertindo.

Parênteses:

Ela sabe que o amigo namora e que não está em uma fase boa do namoro. Ela sabe que o amigo optou por ir sozinho a festa. Ela também sabe que o colega de trabalho foi sozinho a sua festa porque sua esposa está viajendo com a filhinha de 9 anos. Ela pensa: que legal ! Pessoas tão diferentes, que nunca se viram, poderem ter uma conversa tão boa.


Duas da Manhã (02h00):

As pessoas começam a se animar. Na verdade, ela está mais animada do que todos. Ela percebe que nem todos estaõ indo dançar, mas ela está na pista. Tentando se divertir, apesar da banda não ser a banda que ela esperava.

O amigo está dançando ao lado dela. O colega do trabalho, está dançando bem proximo. Mas uma coisa chama a atenção: todas as pessoas do trabalhao já foram embora e o cara está lá e sozinho!  "como ele é animado" - ela pensa.


Quatro da Manhã (04h00):

Ela está dançando. E está muito incomodada que as pessoas nao estão curtindo tanto a balada. O amigo continua ao lado dela. O cara do trabalaho tbm. Mas à essa altura ele já está bem "alto", com o rosto rosado, se insinunando para umas mulheres perdidas. Ela fica sem graça pois acha aquele comportamento estranho. Ele é casado, tem filha, são quatro horas da manhã, os amigos dele já foram embora... o que esse cara tá fazendo nessa situação?

Não demora muito e esse cara começa a dançar com uma mulher. No meio da písta. Um chega mais perto do outro... começam a aproximar os rostos, começam a se provocar com caras e bocas...

Ela olha a cena e não entende. O amigo pergunta: - O cara não é casado?
Ela: é sim... eu não estou entendendo nada. Que desnecessário ele fazer isso.
Nesse instante chega uma amiga, além de ser uma amiga antiga, ela também trabalha na mesma empresa. Ela se junta ao casal de amigos e diz: - Vcs estão vendo isso?
Os três continuam a dançar e em poucos minutos vêem o que tanto temia. O cara se tracando com uma qualquer. No meio da balada. No meio de pessoas que ele não conhece, no meio de pessoas com as quais há horas ele conversava e comentava sobre sua esposa e filha. UM NOJO.

As duas amigas se olhavam e não conseguiam acreditar na situação. Será que o cara não tem nem vergonha delas? Eles se vêem todos dia no escritório? Participam das mesmas reuniões.Como ele pode se comportar desta maneira? Como ele pode ser tão sujo?

As duas amigas e o amigo não conseguem prestar atençao em outra coisa.

O amigo, numa confissão, diz: - Eu posso não estar bem com a minha namorada. Eu tenho várias dúvidas. Mas uma coisa eu tenho certeza. A minha palavra tem mto valor. Eu não faria isso com a minha namorada nunca, por pior que tivesse a nossa situação. Muito menos com a minha esposa. Esse cara não tem valor algum, nao valoriza o que tem... E digo mais: se ele faz isso aqui, na maior cara dura, imaginem o que ele não é capaz de fazer com as pessoas no ambiente de trabalho?!

Fim de Festa:

Ela ficou chocada com tudo que ela viu. Justo o cara por quem ela tinha tamanha consideração profissional se sujeitava aquilo tudo. Ela ficou com nojo. Pensou na esposa e na filha dele. Se sentiu culpada... como estivesse compactuando com aquilo tudo. Que respeito esse cara teria por ela? Pela outra colega do trabalho? Pela sua esposa? Pela sua filha?

O que o marido dela iria pensar. O marido ficou com ela o tempo todo, conversando, dançando, recepcionando as pessoas. Esse cara desrespeitou o seu marido. Como ela poderia dizer ao amrido que trabalhava com pessoas sérias. Foi uma típica cena de novela, filme, que a gente acha dificil de acontecer.

Nessa noite ela ficou pensando... Ela teve a oportunidade de ver duas posturas tão distintas, extremas. Ficou se questionando como o ser humano pode ser tão diferente? Como que as pessoas têm ou não consideração pelas outras... Nessa noite, ficou claro para ela que a vida é fetia de escolhas e ela sabe muito bem o que ela quer para a vida dela.  

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