quinta-feira, 7 de julho de 2011

...o tempo...


Ontem no final do dia, dei uma passadinha na casa dos meus pais. Fui matar as saudades da mama, do meu cachorro, fazer a unha e me atirar no sofá no colinho da minha mãe. Nesse frio que está, não tem programa melhor. Uma delícia! ( Em momentos assim eu dou graças a Deus de não estar trabalhando e poder curtir esse tipo de coisa, sem pressa....)
Na hora que eu estava para ir embora, meu pai chegou, de surpresa, mais cedo do que o de costume. Não agüentei e fiquei lá mais um pouquinho... 

Eu estava sentada no chão da sala brincando com o meu cachorro na hora em que ele entrou. Ele me deu um beijo na testa, beijou a minha mãe e ficou ali, parado, em pé,  conversando com ela. E eu ali, sentada, olhando para cima,ouvindo a conversa dos dois. Quando me dei conta da cena, senti uma saudade enorme de quando eu era criança... Essa era a cena mais comum da minha infância: a minha irmã e eu esperávamos o papai chegar para o jantar... Senti um frio na espinha... não sou mais criança.. não moro mais ali... sou casada... eu que cuido do meu jantar... e não espero mais o meu pai chegar... É muito louco constatar que o tempo passa tão rápido... e o pior é não se dar conta disso. 

Bom, eu estava ali sentada, ouvindo a conversa e pensando o quanto eu amava a hora que o meu pai chegava em casa (quando eu era pequena). Meu pai foi e é o cara mais animado! Sempre trouxe alegria. Sempre enchia a casa e contagiava a todos com um astral fora de série. Me peguei relembrando o passado e vivendo o presente. Comecei a olhar o meu pai com meus olhos de menina: ele alto, lindo, carinhoso, o chefe da casa... eu sempre o admirei muito. E agora eu o estava olhando, ainda com meus olhos de menina, porém de menina grande. Vi que ele continua com a mesma alegria, bondade e alto astral de sempre. Vi que ele continua lindo. E vi que ele está um pouquinho mais cheinho, com a fisionomia um pouco mais cansada e com alguns cabelos brancos. Isso mexeu muito comigo! Meu pai, na nossa família, sempre foi o “tio” que não tinha um fio sequer branco: todo o cabelo (que é bastante), todos os pelos, toda barba, tudo sempre foi bem escuro. Mesmo sendo um dos irmãos mais velhos, ele era o único que nunca teve um fiozinho branco. Tinha aposta na família para saber qual tintura ele usava, etc... e agora, não só os pelos, mas está começando a pipocar fios brancos na cabeça dele..... Nada mais natural, certo? Certo... Mas errado! 

Me assustei de ver os efeitos do tempo...  o quão rápido as coisas mudaram... me assustou ver meu pai, de repente, com cabelos brancos! Me assusta pensar que estamos ficando velhos, que meu pai esta ficando velho. Não sei, me assusta, sinto-me totalmente vulnerável. Aquela imagem que eu tinha dele, não retrata mais a sua aparência atual. Meu coração ficou pequeno, apertado... senti uma saudade enorme dos meus tempos de criança... uma saudade da dependência que eu tinha dele... um arrependimento das coisas que deixamos de fazer juntos.... uma insegurança sobre as coisas que ainda poderemos fazer... , sobre os momentos que ainda teremos juntos...

Na hora de ir embora, depois de tudo isso ter passado pela minha cabeça em questão de minutos, eu o abracei bem forte. Não queria mais largá-lo. Em uma fração de segundos a minha vida passou num flash: lembrei dele me colocando na cama, me levando à escola, me ensinando a andar de bicicleta, a andar a cavalo, estudando matemática comigo, me levando prestar vestibular, dançando comigo na minha formatura, me levando ao altar no meu casamento... eu não queria que aquele abraço acabasse nunca! Ele não entendeu nada. Fui para o meu carro sem falar nada, com os olhos cheios de lágrimas. Uma mistura de medo e alegria me dominava. 

No caminho para a minha casa dei risada. Todos os pensamentos que vieram a minha cabeça, do momento que meu pai chegou em casa até aquele exato instante, foram os melhores. Existe sensação melhor do que ver que nesses anos todos, em todo esse tempo, só existiu alegria e felicidade... ?
Só foram só momentos de alegria, de carinho de um amor inexplicável e maior do mundo. 

Pai, muito obriga! Eu amo você incondicionalmente!

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